Orientações necessárias | I - Critérios de realização
- Esse exame é realizado somente com pedido médico e deve ser agendado previamente.
- A biópsia muscular é sempre feita com anestesia local.
- Pessoas que se encontram em estado de saúde considerado grave devem ser submetidas a este procedimento somente em hospitais.
- O exame poderá ser realizado com anestesia, se necessário.
- Para crianças abaixo de 10 anos é necessário agendar o exame com anestesia, que será feita por médico anestesista.
- Em crianças a partir de 10 anos e em adultos também é possível a realização do procedimento com anestesia.
- Menores de 18 anos devem estar acompanhados pelo responsável legal no dia do exame.
II - Preparo
- Não é necessário jejum, exceto para as pessoas que farão o exame com anestesia.
- O cliente não deve dirigir após o procedimento para evitar esforço muscular.
- No dia da biópsia, é necessário apresentar resultados de eletroneuromiografia, tomografia e/ou ressonância magnética feitos anteriormente, assim como de exames de sangue (CPK, DHL, TGO e TGP).
III - Interferentes
- Se o cliente usar anticoagulante oral ou heparina, a medicação deve ser suspensa, sob orientação do médico solicitante, e a coagulação precisa ser normalizada antes da biópsia.
- Caso a pessoa faça uso de ácido acetilsalicílico (Aspirina®, AAS®, Melhoral®, Bufferin®, etc.), também há necessidade de suspensão da medicação por sete dias antes da realização do exame, com o consentimento do médico assistente.
IV- Duração do exame
- O exame dura por volta de uma hora. Caso seja realizado com anestesia, há necessidade de mais uma hora de repouso após o procedimento.
V - Cuidados após o exame
- Nas primeiras 24 horas depois do exame, o cliente não deve realizar atividade física e, mesmo na primeira semana seguinte, convém evitar exercício físico ou qualquer atividade que exija esforço do membro no qual foi realizada a biópsia.
- O curativo não deve ser molhado por 24 horas. Passado esse prazo, pode ser removido. A partir de então, basta lavar o local com água e sabão durante o banho e secar com toalha, sem esfregar. Depois, recomenda-se cobrir com gaze limpa.
- A dor no local da biópsia é um sintoma comum, que, no entanto, tende a regredir progressivamente. Em caso de dor forte, pode-se fazer uso de analgésico comum, como paracetamol (Tylenol®). Antiinflamatórios comuns devem ser evitados pelo risco de aumentarem o hematoma.
- É possível que apareça uma mancha de tom violáceo na área da biópsia. Trata-se de um pequeno hematoma decorrente do procedimento, que, contudo, desaparece em cerca de 14 dias. O cliente deve proteger a mancha do sol e não fazer compressas quentes, podendo apenas utilizar Hirudoid® no local, mas só depois que a pele estiver bem cicatrizada, após o oitavo dia da biópsia.
- Se surgir, na região da biópsia, qualquer sangramento, secreção, vermelhidão ou ferida, assim como dor ou inchaço excessivos, o cliente deve entrar em contato com a Central de Atendimento ao Cliente para que seja feito contato com o médico responsável pelo procedimento.
- Em caso de pessoas que utilizam medicação anticoagulante ou ácido acetilsalicílico (AAS® ou Aspirina®), o tratamento deverá ser reiniciado 7 dias após a biópsia ou conforme orientações do médico assistente.
VI - Observações
- Qualquer dúvida a respeito do exame pode ser esclarecida pelos médicos no dia do procedimento.
- O local da biópsia é, preferencialmente, o músculo bíceps braquial do braço não-dominante. A critério do médico solicitante ou de acordo com sugestão da eletroneuromiografia, o fragmento pode ser obtido de outro grupo muscular. Entretanto, a biópsia não poderá ser realizada no mesmo músculo em que a eletroneuromiografia foi feita por um prazo de 15 dias.
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Método | 1- Biópsia: o fragmento muscular é obtido por pequena cirurgia a céu aberto, sob anestesia local - sedação pode ser empregada quando indicada. O fragmento é então congelado para depois ser submetido às reações específicas (como se descreve a seguir).
2- Colorações de rotina: hematoxilina-eosina, tricromo modificado de Gomori, PAS (reação periódica de Schiff)
3- Reações histoquímicas: ATP4.3. ATP4.6, ATP9.4, COX, NADH, SDH, fosfatase alcalina, fosfatase ácida, oil red O, miofosforilase
4- A critério médico imunohistoquímica para distrofina, merosina, alfa-sarcoglicana, gama-sarcoglicana e disferlina.
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Interpretação e comentários | - O exame anatomopatológico do tecido muscular esquelético tem sido utilizado desde o século IX para detectar desordens musculares primárias e manifestações musculares de processos neurogênicos ou sistêmicos. Os métodos empregados para análise do tecido muscular vêm sofrendo constante atualização à medida que são descobertos os mecanismos envolvidos na patogênese das doenças musculares.
- Atualmente, o exame oferece condições de detectar processos musculares de diversas etiologias, hereditários ou adquiridos, assim como processos primariamente miopáticos ou secundários ao envolvimento neurogênico, além dos sistêmicos.
- As reações básicas às quais os fragmentos musculares são submetidos, tais como hematoxilina-eosina, tricômico de Gomori, PAS e oil red O, têm utilidade para uma análise geral do aspecto da arquitetura muscular: infiltração conjuntivo-gordurosa, atrofia de fibras musculares, presença de necrose, regeneração e áreas com inflamação. Outras reações mais modernas, conhecidas como histoquímicas, a exemplo de ATPases em diferentes pHs, NADH, SDH e fosfatase ácida e alcalina, são especialmente esclarecedoras para o estudo da distribuição dos diferentes tipos de fibras musculares, de anormalidades da arquitetura interna das fibras (central, core, alvos, saca-bocado e turbilhonamento) e de alterações da atividade oxidante das células (doenças mitocondriais), assim como de sinais de regeneração e degeneração das fibras musculares.
- Mais recentemente, técnicas imunoistoquímicas têm sido extremamente úteis para a análise da expressão das diversas proteínas musculares, com grande valor para o diagnóstico diferencial das diversas formas de distrofias musculares progressivas, distrofias musculares congênitas e miopatias congênitas. Por meio desses recursos, também é possível descrever, de maneira objetiva, a característica e a intensidade do processo inflamatório, permitindo distinguir as diversas formas de miopatias inflamatórias.
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